quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Postagem Inicial

Pois bem.
Neste espaço pretendo postar alguns trabalhos intelectuais meus, decorrentes do esforço de percorrer o curso de graduação em História com êxito. Pretendo postar, também, alguns assuntos do nosso cotidiano que eu acreditar serem relevantes. E com certeza aceito sugestões para pautas, e mesmo materiais desenvolvidos por terceiros. Não posso prometer uma periodicidade uniforme nas postagens, pois, de hoje até o próximo dia 30/11, terei que dividir meu tempo entre este blog, meu outro blog (www.bloggaviao.blogspot.com), a UFRGS, o trabalho e mais uma atividade que estou inventando.
Todos os assuntos postados estarão abertos aos comentários dos futuros leitores. Só peço que mantenham um mínimo de "elegância" ao comentarem. Até, porque, passarão pelo crivo do "moderador". Na verdade, este espaço não tem como objetivo apurar o certo e o errado, o verdadeiro e o falso. Este espaço destina-se ao exercício da crítica.

A inquisição verde
Quando se fala em aquecimento global, surgem muitas histórias apavorantes. Al Gore, por exemplo, ficou conhecido ao defender a idéia de que um grande aumento do nível do mar, de cerca de seis metros, inundará as maiores cidades do mundo. Jim Hansen, assessor científico de Gore e membro da Nasa, superou seu assessorado. Ele sugere que haverá um aumento em 24 metros no nível do mar, sendo que seis metros ainda neste século. Pouco surpreende que seu colega ambientalista Bill McKibben declare que “estamos em uma corrida desenfreada para afogar grande parte do planeta e grande parte do resto da criação.”Considerando todas as advertências, há uma verdade ligeiramente inconveniente: no decorrer dos últimos dois anos, o nível global do mar não aumentou. Na verdade, diminuiu ligeiramente. Desde 1992, os satélites que orbitam o planeta têm medido o nível do mar a cada 10 dias com um incrível nível de precisão. Ao longo de dois anos, o nível do mar tem baixado e todos esses dados estão disponíveis no site sealevel.colorado.edu. Isto não significa que o aquecimento global não seja verdade.
À medida que emitimos mais CO2, com o tempo a temperatura aumentará moderadamente, fazendo com que o mar se aqueça e se expanda um pouco. Conseqüentemente, o nível do mar pode voltar a subir. É isso que nos reporta o Painel das Nações Unidas sobre o clima. Os melhores modelos indicam um aumento do nível do mar neste século de 18cm a 59cm, e a estimativa mais comum fica em 30cm. Não se trata de algo aterrorizante ou particularmente ameaçador: 30cm é o que o mar aumentou nos últimos 150 anos.
Para simplificar, estão nos enfiando goela abaixo muitas informações exageradas. Anunciar que o mar aumentará seis metros neste século contradiz milhares de cientistas da ONU, e exige que o nível do mar acelere seu aumento em cerca de 40 vezes a partir de hoje. Em junho, Hansen declarou que as pessoas que propagandeiam “desinformação” sobre o aquecimento global deveriam literalmente ser julgados por crimes contra a humanidade.
É deprimente ver um cientista – até mesmo um profundamente politizado – conclamar uma inquisição moderna. Não há desculpa para uma tentativa descarada de limitar a liberdade científica e intimidar a livre expressão. Já o ativista Mark Lynas pensa em “tribunais penais internacionais” ao estilo de Nuremberg contra aqueles que se atrevam a questionar o dogma climático. Claramente, escrever este artigo me coloca no risco de ser incinerado por Hansen & Cia.
Com uma recessão global iminente e os altos preços do petróleo e dos alimentos debilitando o padrão de vida da classe média ocidental, está cada vez mais difícil vender a cara e ineficiente solução de Kyoto para o corte drástico de carbono. Um enfoque muito mais sólido que o de Kyoto seria investir no desenvolvimento de tecnologias com zero emissão de carbono, uma maneira mais barata e eficaz de solucionar verdadeiramente o problema climático. Entretanto, o problema real do planeta é o fato de, diante do pânico alarmista, termos empreendido políticas ineficientes em detrimento de outras mais sensatas.
Considere um dos passos mais importantes dados em resposta à mudança climática: adotado pelo pânico, os biocombustíveis supostamente deveriam diminuir as emissões de CO2. Entretanto, usar os biocombustíveis para combater a mudança climática foi provavelmente uma das piores “soluções” dadas a um desafio nos últimos tempos. Essencialmente, os biocombustíveis tiram o alimento da boca das pessoas e os colocam nos automóveis.
Os cereais necessários para abastecer uma caminhonete são suficientes para alimentar um africano durante um ano inteiro – 30% da produção de milho dos Estados Unidos em 2008 será queimada nas auto-estradas norte-americanas. E a crescente demanda por biocombustíveis faz com que diminuam as florestas ricas em carbono. Um estudo científico realizado em 2008 mostrou que o efeito em cadeia de usá-los não significa cortar emissões CO2, mas dobrá-las.
Devido ao pânico, iremos gastar centenas de bilhões de dólares, piorar a o aquecimento global e aumentar dramaticamente a fome no mundo. Temos de parar com esse medo bobo, parar de seguir políticas estúpidas e começar a investir em pesquisa e desenvolvimento. Acusações de “crimes contra a humanidade” precisam acabar. Na verdade, o verdadeiro crime é o alarmismo que fecha as mentes a melhores caminhos para responder à mudança climática.

Bjorn Lomborg, autor dos livros O Ambientalista Cético e Cool It: Muita Calma Nessa Hora, é diretor do Copenhagen Consensus Center e professor adjunto na Copenhagen Business School

Tradução: Grazielle Badke

BJORN LOMBORG
Artigo retirado do Caderno Dinheiro, na Zero Hora do dia 03/08/2008.