sexta-feira, 20 de maio de 2011

Lewandowski defende maior correspondência entre voto e vontade do eleitor

Para o presidente do TSE, voto é praticamente facultativo, pois é fácil justificar ausência.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, defendeu um sistema mais claro que expresse a vontade do cidadão no momento do voto. Para ele, atualmente, com o método proporcional, o eleitor vota em um candidato e acaba elegendo outro.

“Mudar por mudar é continuar sem rumo. Antes de se discutir a reforma política, precisa se discutir que democracia queremos”, disse. “Para fortalecer nossa democracia precisamos idealizar um método que permita maior correspondência no voto deixado na urna e o que quer o eleitor”, completou.

Durante audiência pública na Câmara sobre reforma política, ele defendeu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa. Ele ponderou aos deputados que qualquer mudança na legislação eleitoral deverá levar em conta o pressuposto constitucional da anualidade para vigência das leis.

“Alterações constitucionais, precedidas ou sucedidas de consulta popular deverão levar em conta o artigo 16 da Constituição Federal.”

De acordo com esse artigo, a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Com base nisso, o STF decidiu no mês passado que a Lei da Ficha Limpa só valerá para as próximas eleições, ou seja, não poderia impedir que os candidatos com ficha suja disputassem o processo eleitoral do ano passado.

O presidente do TSE disse ser contrário à ideia de tornar o voto facultativo no Brasil. De acordo com ele, atualmente o voto é praticamente facultativo devido à facilidade de o eleitor justificar a ausência nas urnas. “O voto facultativo já existe. Ele (eleitor) pode justificar a falta com muita facilidade. Se ele não justificar está sujeito a uma multa irrisória. Se ele disser que não pode pagar, também é dispensado da multa. Isso é ou não é o voto facultativo? Apesar dessa facilidade, os cidadãos têm respondido de maneira muita amadurecida ao chamamento da Justiça Eleitoral e dos políticos”, ponderou.

De acordo com Lewandowski, menos de 20% dos eleitores do Brasil não votaram nas últimas eleições. “Isso mostra que o brasileiro quer votar, é consciente e quer participar do processo político”, afirmou. O ministro disse também que aplicação do voto facultativo poderia enfraquecer as instituições, estimularia o desinteresse político e favoreceria as elites.

Lewandowski criticou a possibilidade da adoção do sistema eleitoral de lista fechada. Para ele, essa prática “perpetua as oligarquias”. “Como cidadão penso que isso só deveria ser adotado quando tivéssemos uma maioria de partido ideológicos e pragmáticos e que adotassem mecanismos de participação da militância na elaboração das listas.”

Sobre a possibilidade de proibir a reeleição, Lewandowski afirmou que a legislação tem mecanismos para evitar o uso da máquina pelos candidatos que tentam um novo mandato. Desde a criação do mecanismo da reeleição, 75% das cassações de governadores pela Justiça ocorreram, conforme Lewandowski, baseadas no abuso do poder econômico e político.

“Esse é um dado que trago para meditação para fazer a ponderação. Queremos evitar o uso da máquina proibindo a reeleição, mas existem mecanismos para evitar”, disse.

O presidente do TSE ainda defendeu o financiamento público e a adoção de um teto para as campanhas. “Sou favorável à eliminação do financiamento feito por pessoa jurídica, permitindo que as pessoas físicas contribuam.

O cidadão tem o direito político de financiar o candidato de sua preferência”, argumentou Lewandowski citando a eleição do presidente norte-americano, Barack Obama, como exemplo bem-sucedido de participação popular no financiamento eleitoral.

ELZA FIÚZA/ABR/JC

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=60451&fonte=capa# - sítio acessado em 26/04/2011 às 08:41h.
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sexta-feira, 6 de maio de 2011

E a hipocrisia se faz presente

E a justiça foi feita. Com esta frase o presidente estadudinense Barack Obama anunciou a morte do inimigo número um do ocidente cristão-democrático, Ozama bin Laden, acusado de ser o mentor do ataque ao World Trade Center, em Nova York, no dia 11/09/2001. Lembro-me muito bem do quão aterrador foi este evento. Muitas vidas, alheias aos jogos do poder mandante, foram vitimadas e tiveram suas histórias interrompidas bruscamente. Catástrofes como esta deixam marcas individuais e coletivas naqueles que ficam. Por isso a morte de bin Laden é comemorada.
A justiça foi feita. E a hipocrisia manifestou-se. Pergunto: a que justiça se referem? A mim parece a justiça de Talião. A celebração da morte de bin Laden é a expressão do sentimento da vingança consumada. Algo que não condiz com um discurso democrático e cristão, como ao que se propõe a nação estadudinense. Inclusive legitimaram a Guerra ao Terrorismo e a invasão ao Iraque com este discurso, conferindo a ação um caráter de cruzada. Agindo como a polícia do mundo, julgam e condenam os seus contrários arbitrariamente.
O que me motivou a escrever estas linhas foi presenciar mais uma manifestação da hipocrisia que permeia o nosso cotidiano. Não posso achar normal a celebração de um assassinato justificado tão probremente em nome da justiça. Quero por em pauta a relatividade do bem e do mal, sempre servindo a quem profere o discurso. A tolerância sim é um valor verdadeiramente universal e atemporal. Será que realmente somos tão evoluídos, civilizados e racionais, quando repetimos os mesmos erros, apenas vestindo-os com roupas modernas ? A mudança começa individual e internamente.
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