sexta-feira, 29 de julho de 2011

Pré-história

Este material compreende:

1. Conceito de evolução: as teorias e os desdobramentos;
2. Cronologia e espaço: as teorias migratórias;
3. Singularidade humana: o processo de hominização;
4. Evolução biológica;
5. Evolução cultural: o desenvolvimento humano nos períodos paleolítico, mesolítico e neolítico;
6. Arqueologia.


O material completo está disponível em https://skydrive.live.com/?cid=3df33682fefc8435&sc=documents&id=3DF33682FEFC8435!108#!/view.aspx?cid=3DF33682FEFC8435&resid=3DF33682FEFC8435!109
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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sem levar Sartre por Dostoiévski

Brigida Sofia

Elas surgiram pelo atendimento personalizado e é por ele que se mantêm. Longe dos shoppings, instaladas nos bairros, as pequenas livrarias – pequenas se comparadas às megastores – investem no contato direto com o público para se manter vivas. Não que essa postura seja uma pura ação de mercado ou mesmo um sacrifício, afinal é para isso que elas foram montadas. “Eu pensei no tipo de livraria que eu gostaria de ir. Não gostava daquela coisa de ser atendida por quem não gosta de livro; pedir um Dostoiévski e receber um Sartre”, comenta Carla Osório, uma das sócias da Palavraria Livraria e Café, que completa oito anos no Bom Fim em agosto.  
Ela acredita que um livro não pode ser vendido da mesma maneira que uma camiseta. E que uma livraria também não pode ser uma loja como outra qualquer. “Acho legal a pessoa pegar a obra e ter um espaço para sentar, dar uma olhada com calma. Um ambiente propício”, diz. Para isso, a Palavraria conta com o café, que afinal tem tudo a ver com literatura. E também contribui financeiramente. A ideia do “mega” não fecha com o pensamento dos sócios. “Teríamos condições de aumentar o espaço, mas não é o nosso ideal. Gostamos desse tamanho, não queremos ser uma loja de shopping”, afirma Carla.
Nem toda pessoa que chega à Palavraria chega para comprar; não em toda visita. Clientes cativos aparecem de vez em quando para tomar um café, bater um papo e até estudar. “Tinha umas meninas que vinham se preparar para o vestibular. Foi legal, pois depois elas vieram para contar que foram aprovadas”, lembra Carla. Além das dimensões mais reservadas, a equipe reduzida formada pelos próprios donos – algo típico das livrarias de bairro -, permite esse tipo de relação. São os três sócios que se revezam junto a dois funcionários, para o café e o caixa.
Todos tinham alguma relação com livros. Carla, advogada, juntou-se a um bibliotecário e a um professor. Nenhum deles mora atualmente no Bom Fim. Ela já viveu lá, mas não consegue imaginar a Palavraria em outro bairro. “Nós montamos a ideia pensando aqui, que é um local de movimento nas ruas; não é no centro, mas é central, de passagem, e tem uma tradição cultural. Mesmo quem não mora na região vem para cá atrás disso”, diz. O poder aquisitivo – é um dos locais mais caros da cidade – é importante, mas não determinante, pois Carla tem notícia de quatro negócios semelhantes que fecharam no bairro Moinhos de Vento. “O segredo é criar essa relação direta com a comunidade. Acho que a globalização faz com que as pessoas sintam essa necessidade de ser especiais”, conta.
Com uma atmosfera semelhante, de bairro que tem grande movimento a pé e opções culturais e comerciais, a Cidade Baixa abriga a Bamboletras há 15 anos. Mesmo instalada em um shopping, o Nova Olaria, tem o clima de uma livraria de rua. Tudo começou na República. “Os clientes valorizam o cuidado no atendimento. A dona é jornalista e tem formação em literatura. Quando enviamos sugestão de leitura ou música, não é apenas com o nome e o valor, mandamos informações sobre o conteúdo. Às vezes, a pessoa quer um produto e pode conhecer outro no mesmo estilo. Quer falar com quem sabe do assunto. E isso acaba criando uma certa autoridade”, comenta a gerente Andréa Cristina Gonçalves.
Além disso, práticas bem comerciais fazem a diferença. “Quando alguém pede um livro, ligamos na hora para o fornecedor e pedimos entrega para o dia seguinte. Não é aquela coisa de anotar o número do cliente para ligar depois. Na verdade, a megastore é muito autoatendimento”, opina Andrea. Autoatendimento ou não, as megas têm a vantagem de comprar em grande quantidade e muitas vezes diretamente de editoras - o que faz toda diferença especialmente em relação às internacionais -, o que pode resultar em descontos maiores. Assim, as de bairro têm que lutar contra a questão preço e também conveniência, comodidade e, supostamente, segurança que os shoppings oferecem.  Por isso, além de um espaço mais íntimo e atendimento diferenciado, as pequenas investem em ações culturais, como lançamentos com leituras, saraus, oficinas de literatura etc. “Já fechamos o Nova Olaria para fazermos um evento para crianças”, lembra Andréa.

Produto seminovo com preço atraente

A Livraria Passos, no Petrópolis, também faz eventos para o público, mas em menor escala. Como um brinde de final de ano. A proprietária Cristina Passos, que é professora aposentada de economia, deu início ao negócio há seis anos trabalhando com livros novos e usados, mas pouco tempo depois desistiu dos novos - hoje tem apenas um ou outro livro. “É complicado competir com as megastores. Apostamos nos seminovos”, admite. Mas faz uma ressalva. “Livro usado não quer dizer livro velho. Tenho muitos lançamentos de 2010 aqui. Fica atraente porque é uma obra que na mega custa R$ 50,00 e aqui sai por R$ 25,00. Muita gente compra e embala para presente”, revela. Ela conta que os mais pops, como Comer, rezar e amar, um exemplo recente, não duram um dia na vitrine. E a casa oferece todo tipo de títulos, inclusive várias opções estrangeiras.  
Ao contrário do Bom Fim e Cidade Baixa, o Petrópolis é bem residencial, as pessoas costumam se deslocar de carro ou transporte coletivo. Por isso, Cristina optou por uma quadra e foge ao estilo do bairro. É como se fosse um centrinho, com vários bancos, um renomado supermercado, farmácias e três escolas nas proximidades. Recentemente, um café foi aberto, quase ao lado. “Então há um movimento que atrai para cá. Mas é bem localizado; é só desse lado da rua. Do outro já não tem ninguém”, comenta.
Destoando do discurso comum de quem trabalha com livros, Cristina acha que o preço no Brasil afasta as pessoas da leitura. “Se tem uma coisa que eu aprendi trabalhando com livro usado foi isso. As pessoas passam aqui na frente, veem os preços e levam”, comenta. Entre os clientes cativos da Passos estão muitas mães, que sabem como é caro investir na educação e podem encontrar materiais que foram usados apenas uma vez pela metade do preço. Também é possível fazer trocas e vendas. A escolha pelos seminovos deu certo, pois a Livraria Passos cresceu. Começou em uma sala pequena na Protásio Alves e teve que ir para uma quatro vezes maior ali perto. O que também motivou o crescimento foi a participação no site Estante Virtual, o que pos-sibilita a venda para todo o País.

De bairro e de nicho

O desafio de Martin Streibel é ainda maior. Além de uma livraria em um bairro, ele aposta em um nicho. A Iconográfica, no Rio Branco, tem foco em artes visuais e fotografia. “É uma ideia arriscada. Acredito que é um negócio a longo prazo. Até porque é livro. Não é uma padaria. As pessoas tomam café de manhã, à tarde e à noite. Com livro sabemos que não é assim”, diz o proprietário, que abriu o estabelecimento em setembro.
Ele conta que está em um período de análise, ofertando obras variadas e vendo como o público reage. “Muitos livros são de fora e importo praticamente um de cada. Isso acaba dando uma exclusividade. Claro que se uma obra for de grande interesse, trago novamente”, diz, destacando que dribla preços altos aos consumidores comprando da mesma editora. Além disso, por ser dono do ponto – cujo aluguel seria alto – pode flexibilizar os custos.
Streibel sempre viajou muito e adora fotografia. Trabalha com isso há tempos. Por isso escolheu um mercado visual. Ele já pensa em comprar obras de arquitetura e design também, mas não quer abrir muito. Quer se manter um espaço destinado à imagem, um local diferenciado, segmentado. “Minha ideia era trazer para Porto Alegre o que não tinha. Não quero algo igual ao que já existia”, explica. Para isso, ele também investiu em uma decoração especial. “Acho fundamental. Os clientes falam do conforto que sentem em estar aqui, manusear os livros, dizem que é um ambiente agradável”, conta.
Ainda em relação ao ponto, ele diz que não vê como um empecilho para o sucesso o fato de estar em uma região bem residencial e de poucos pedestres. “Claro que uma rua com muita gente passando a pé é interessante. Mas acho que assim também pode funcionar. Essa é a ideia do livre mercado; todos podem conviver. Quem abre um mercadinho não pode pensar só no supermercado, como quem abre uma butique não pode pensar que só existe loja de departamento”, analisa. 

         Literatura nos bairros
  • Palavraria, livros e café - Vasco da Gama, 165. Telefone (51) 3268- 4260
  •  Iconográfica – Castro Alves, 995. Telefone (51) 3392-0782
  •  Livraria Passos - Protásio Alves, 2866. Telefone (51) 3397-1767
  •  Bamboletras - General Lima e Silva, 776. Telefone (51) 3227-9930

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=64566&fonte=capa – sítio acessado em 10/06/2011 às 09:13h.
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terça-feira, 7 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Oxigenando a democracia

Candidatura sem vínculo partidário, por que não? Esse questionamento me foi feito por um grupo de estudantes secundaristas logo que assumi, pela primeira vez, uma cadeira no Senado. A ideia foi discutida, amadurecida e no início de 2006 apresentei uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 21). Recentemente a Comissão de Reforma Política aprovou candidatura avulsa em pleito municipal, contemplando assim um item do meu projeto, que era mais abrangente. As candidaturas independentes não representam novidade, uma vez que são aceitas pela grande maioria dos países democráticos. Nove em cada dez utilizam esse sistema. Cerca de 37% aceitam candidatos avulsos em eleições legislativas e presidenciais; perto de 40% apenas para eleições legislativas; e outros 13% apenas para eleição de presidente da República. O Brasil faz parte da minoria que exige o vínculo partidário, ao lado, entre outros, de Argentina, Uruguai, Peru, México, Costa Rica, Guatemala, Suécia e África do Sul. A Itália admite a candidatura avulsa mediante a chamada Lista Cívica. Nos Estados Unidos, casos há em que “candidatos independentes” chegam a pleitear a presidência do País, além de candidatar-se às vagas nos parlamentos estaduais e federais.
Estou apenas defendendo o princípio da democracia plena e o alargamento da expressão das lideranças populares. É obvio que as candidaturas avulsas terão que se sujeitar às regras específicas e à ficha limpa, por exemplo. Infelizmente as liberdades da Constituição de 1988 assustaram a muitos, e vemos hoje um movimento regressivo, tendente a engessar o sistema partidário e político, em evidente desfavor da renovação democrática e da facilitação necessária a que os cidadãos tomem parte da vida política. Pretendemos colaborar para o debate de uma verdadeira reforma política que tenha como norte não apenas o reforço da governabilidade, mas também a ampliação da participação cidadã na ainda nascente democracia brasileira. Afinal, não é esse o horizonte que buscamos?

Paulo Paim - Senador/PT

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=60843 – sítio acessado em 29/04/2011 às 10:47h.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Lewandowski defende maior correspondência entre voto e vontade do eleitor

Para o presidente do TSE, voto é praticamente facultativo, pois é fácil justificar ausência.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, defendeu um sistema mais claro que expresse a vontade do cidadão no momento do voto. Para ele, atualmente, com o método proporcional, o eleitor vota em um candidato e acaba elegendo outro.

“Mudar por mudar é continuar sem rumo. Antes de se discutir a reforma política, precisa se discutir que democracia queremos”, disse. “Para fortalecer nossa democracia precisamos idealizar um método que permita maior correspondência no voto deixado na urna e o que quer o eleitor”, completou.

Durante audiência pública na Câmara sobre reforma política, ele defendeu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa. Ele ponderou aos deputados que qualquer mudança na legislação eleitoral deverá levar em conta o pressuposto constitucional da anualidade para vigência das leis.

“Alterações constitucionais, precedidas ou sucedidas de consulta popular deverão levar em conta o artigo 16 da Constituição Federal.”

De acordo com esse artigo, a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Com base nisso, o STF decidiu no mês passado que a Lei da Ficha Limpa só valerá para as próximas eleições, ou seja, não poderia impedir que os candidatos com ficha suja disputassem o processo eleitoral do ano passado.

O presidente do TSE disse ser contrário à ideia de tornar o voto facultativo no Brasil. De acordo com ele, atualmente o voto é praticamente facultativo devido à facilidade de o eleitor justificar a ausência nas urnas. “O voto facultativo já existe. Ele (eleitor) pode justificar a falta com muita facilidade. Se ele não justificar está sujeito a uma multa irrisória. Se ele disser que não pode pagar, também é dispensado da multa. Isso é ou não é o voto facultativo? Apesar dessa facilidade, os cidadãos têm respondido de maneira muita amadurecida ao chamamento da Justiça Eleitoral e dos políticos”, ponderou.

De acordo com Lewandowski, menos de 20% dos eleitores do Brasil não votaram nas últimas eleições. “Isso mostra que o brasileiro quer votar, é consciente e quer participar do processo político”, afirmou. O ministro disse também que aplicação do voto facultativo poderia enfraquecer as instituições, estimularia o desinteresse político e favoreceria as elites.

Lewandowski criticou a possibilidade da adoção do sistema eleitoral de lista fechada. Para ele, essa prática “perpetua as oligarquias”. “Como cidadão penso que isso só deveria ser adotado quando tivéssemos uma maioria de partido ideológicos e pragmáticos e que adotassem mecanismos de participação da militância na elaboração das listas.”

Sobre a possibilidade de proibir a reeleição, Lewandowski afirmou que a legislação tem mecanismos para evitar o uso da máquina pelos candidatos que tentam um novo mandato. Desde a criação do mecanismo da reeleição, 75% das cassações de governadores pela Justiça ocorreram, conforme Lewandowski, baseadas no abuso do poder econômico e político.

“Esse é um dado que trago para meditação para fazer a ponderação. Queremos evitar o uso da máquina proibindo a reeleição, mas existem mecanismos para evitar”, disse.

O presidente do TSE ainda defendeu o financiamento público e a adoção de um teto para as campanhas. “Sou favorável à eliminação do financiamento feito por pessoa jurídica, permitindo que as pessoas físicas contribuam.

O cidadão tem o direito político de financiar o candidato de sua preferência”, argumentou Lewandowski citando a eleição do presidente norte-americano, Barack Obama, como exemplo bem-sucedido de participação popular no financiamento eleitoral.

ELZA FIÚZA/ABR/JC

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=60451&fonte=capa# - sítio acessado em 26/04/2011 às 08:41h.
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sexta-feira, 6 de maio de 2011

E a hipocrisia se faz presente

E a justiça foi feita. Com esta frase o presidente estadudinense Barack Obama anunciou a morte do inimigo número um do ocidente cristão-democrático, Ozama bin Laden, acusado de ser o mentor do ataque ao World Trade Center, em Nova York, no dia 11/09/2001. Lembro-me muito bem do quão aterrador foi este evento. Muitas vidas, alheias aos jogos do poder mandante, foram vitimadas e tiveram suas histórias interrompidas bruscamente. Catástrofes como esta deixam marcas individuais e coletivas naqueles que ficam. Por isso a morte de bin Laden é comemorada.
A justiça foi feita. E a hipocrisia manifestou-se. Pergunto: a que justiça se referem? A mim parece a justiça de Talião. A celebração da morte de bin Laden é a expressão do sentimento da vingança consumada. Algo que não condiz com um discurso democrático e cristão, como ao que se propõe a nação estadudinense. Inclusive legitimaram a Guerra ao Terrorismo e a invasão ao Iraque com este discurso, conferindo a ação um caráter de cruzada. Agindo como a polícia do mundo, julgam e condenam os seus contrários arbitrariamente.
O que me motivou a escrever estas linhas foi presenciar mais uma manifestação da hipocrisia que permeia o nosso cotidiano. Não posso achar normal a celebração de um assassinato justificado tão probremente em nome da justiça. Quero por em pauta a relatividade do bem e do mal, sempre servindo a quem profere o discurso. A tolerância sim é um valor verdadeiramente universal e atemporal. Será que realmente somos tão evoluídos, civilizados e racionais, quando repetimos os mesmos erros, apenas vestindo-os com roupas modernas ? A mudança começa individual e internamente.
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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Matriz energética com envolvimento de todos

As diversas formas de impacto provocado pelo represamento extenso em bacias hidrográficas no Brasil, já mostraram não ser recomendável repetir cegamente a receita das grandes barragens. Já tivemos exemplos infelizes com as usinas hidrelétricas de Balbina e Tucuruí, construídas na Amazônia nas décadas de 1970 e 1980, que provam que este modelo é insustentável. Balbina significou a inundação de vasta extensão de terras indígenas, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. Na época o próprio governo reconheceu que havia cometido um erro, pois aenergia produzida foi insuficiente e a contrapartida de abastecimento local não foi cumprida. Em Tucuruí, não foi muito diferente. É preciso aprender com esses erros. Lendo o editorial do Jornal do Comércio de 25/05, sobre a construção de Belo Monte, me lembrei do geógrafo Porto-Gonçalves. O autor trata o termo desenvolvimento como “des-envolvimento”, isto é, sem envolvimento, significa uma estratégia que não leva em conta o modo como cada povo mantém suas relações entre si e com a natureza, da qual são parte integrante. Assim, pensar ações para o bem viver em determinada comunidade sem o envolvimento desta é engodo. É usar o discurso de atendimento às necessidades de uns para encher o bolso de outros. O Brasil éreconhecido pelo potencial hídrico, sim, mas também pelo potencial eólico e solar. E se convertêssemos cada residência em uma pequena central energética usando sol, vento, rejeitos e outras fontes? Teríamos um modelo de energia difusa, no qual a energia não consumida seria repartida na lógica da cooperação. Por que o Estado, ao invés de subsidiar a compra de automóveis a serem utilizados por uma única pessoa, aumentando a emissão de gases de efeito estufa, não estimula a aquisição de aparatos domésticos de geração de energia como placas coletoras solares e/ou aerogeradores? Trata-se de um sonho? Penso que não. Urge fomentar uma consciência crítica e cobrar seriedade frente às questões socioambientais, construindo uma cultura de sustentabilidade planetária para além dos discursos.

Rosa Maris Rosado
Educadora ambiental

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=60610# - sítio acessado em 27/04/2011 às 10:06h.
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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Direito à felicidade

Projeto de emenda constitucional quer insculpir nos mandamentos da nossa lei maior o direito à felicidade. Maravilha! Sugiro que seja cláusula pétrea. Mas como regulamentar tal dispositivo? Diz o dicionário que felicidade é ventura; contentamento; bem-estar; qualidade ou estado de quem é feliz; bom êxito. Deixo aqui algumas sugestões. Família – a tal emenda deve determinar que todas as crianças tenham uma família. Sem o aconchego familiar não há contentamento nem bem-estar. Educação – esta é a vacina, o antídoto contra uma existência mal vivida. A educação é a base de uma vida com “V” maiúsculo. Sem educação é difícil atingir o bom êxito. Saúde – para aqueles a quem o destino descreveu roteiros fracos e mal acabados para o filme da existência, que não têm o “happy end” no final, mas sobrevivem apenas na sinopse, deve ser obrigatório sofrer e morrer com dignidade. Aguardando atendimento numa cadeira na emergência de um hospital não dá para apresentar a qualidade ou o estado de quem é feliz.

Emprego – que a todos seja dado o direito a um trabalho decente. E que haja a justa recompensa pelo trabalho executado. Sem reconhecimento não há contentamento. Amor – que homens e mulheres conjuguem o verbo amar em todas as pessoas. Que a concordância verbal atinja todos e que seja sempre empregado no plural. Como parágrafo único, acrescento que nos relacionamentos conjugais não haja sujeitos compostos nem sujeitos ocultos. Amar é um modo eficaz de encontrar aventura. Amizade – aqui está a síntese que traduz tudo o que o dicionário diz ser a felicidade. A amizade não é uma questão de ideias políticas, filosóficas, literárias, religiosas, não é um manejo de frases, não é um saber científico. A amizade é o produto direto das vivências, sofrimentos, renascências de cada um num conjunto de muitos. Felicidade, enfim, é o que vivi dia 7 de novembro passado quando, na Feira do Livro, vi tantos amigos e amigas aguardando na fila por um autógrafo meu. Que a todo o povo seja concedida a felicidade que meus amigos me proporcionaram naquele dia.

Anna Maria Petrone Pinho
Advogada e cronista
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=48554 – sítio acessado em 07/12/2010 às 18:19h.
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quarta-feira, 16 de março de 2011

Educação e professores são a redenção nacional

Os professores sem curso superior no Brasil somam 636 mil nos ensinos infantil, fundamental e médio, ou 32% do total. Em 2007, eram 594 mil. Na questão do ensino temos uma alienação de afeto. Às vezes, temos empatia demais e sentimos dificuldade em tomar decisões difíceis quando precisamos. Há uma unanimidade em Porto Alegre, no Estado e no Brasil, a de que só mudaremos toda a sociedade, nos mais diversos aspectos, se tivermos uma educação qualificada. Para tanto, além dos recursos materiais, como escolas e instrumentos de estudos, bons professores. E mestres, além de qualificados, bem pagos. Isso ninguém discute mais. Frases repetidas à exaustão também fazem parte do cardápio intelectual quando se debate a situação do País, como aquela que diz que é melhor fazer uma escola porque, aí, se estará fechando um presídio. Até então, não exatamente fechando a conta, pois, então, países mais do que desenvolvidos não teriam criminosos nem presídios. E todos têm. É que vestir e formular dignamente um pensamento é mais difícil do que concebê-lo. A educação é a base de tudo. Mas a educação passa pela família. Nas escolas temos livros que quando mais os lemos mais os admiramos. É que são produções substanciais de profundo saber e experiência. Existem professores e educadores e comunicar é sempre um desafio.
Às vezes, os mestres e pais devem usar métodos diferentes para alcançar certos resultados, uma vez que a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade. A paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência. A serenidade que nunca acaba não é serenidade: é indiferença. Finalmente, a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.
Por isso não surpreende quando a Comissão de Educação da Câmara Municipal se preocupa com a falta de professores na rede municipal de ensino. Os brasileiros têm que parar e pensar também um pouco sobre a razão primeira para que tenhamos uma sociedade tão desigual, onde proliferam escroques nos mais diversos setores. Escandaliza e certamente explica, embora nada justifique, quando se sabe que provas para os mais disputados concursos públicos do Brasil são compradas por mais de R$ 160 mil. Isso é o valor de um apartamento ou casa em qualquer cidade do País. Então ficamos sabendo que alguns futuros delegados de polícia, juízes e outros postulantes foram aprovados porque sabiam, antecipadamente, as questões.
Quem compra uma prova de concurso público antes da sua realização é menos vigarista do que quem vende? Quem pede dinheiro, sendo adulto, em sinaleiras e, ganhando alguns trocados, corre para comprar uma pedra de crack merece sempre compaixão ou precisa de tratamento para que não seja o exemplo mais acabado de todos nós como sociedade? Porto Alegre merece ser tão suja, rabiscada, ter destruídos seus equipamentos urbanos da maneira que registramos diariamente? Problema do DMLU e da Smov? Ou, quem sabe, de quem suja, estraga, depreda e não se importa com o coletivo? Enfim, é triste a condição dos bem-intencionados e sábios entre os ignorantes, da mesma forma que os cidadãos probos entre os velhacos.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=57080 – sítio acessado em 16/03/2011 às 08:39h.
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ao invés de aprovar semianalfabetos, sigamos o exemplo da Coréia do Sul

O Brasil tenta de várias maneiras melhorar a qualidade da educação oferecida nas escolas públicas, desde o Ensino Fundamental até a universidade. Cria índices, provas para avaliação em diferentes níveis e estabelece que os professores devem passar por aperfeiçoamento. Tudo, no fim, em nome do combate à repetência e à evasão escolar.

Apesar de todas essas medidas, uma recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovada pelo ministro Fernando Haddad nos últimos dias do governo Lula, quer acabar com a reprovação nos três primeiros anos do Ensino Fundamental.

Mas será que a mais recente medida não é apenas um meio de encobrir o que deveria ser feito de outra forma? Não deveríamos estar nos focando em melhorar a qualidade ou em manter os jovens por mais tempo na escola? Ao invés de aprovar todos os alunos, independentemente do que tenham aprendido, deveríamos tomar como exemplo países que até poucas décadas atrás apresentavam péssimos índices educacionais.

A Coreia do Sul seria um bom exemplo de como um país cresce tendo como alavancador a educação. Há 60 anos, a nação asiática estava destruída por uma guerra civil que a dividiu ao meio, deixou um milhão de mortos e a maior parte da população na miséria. Como resultado, um em cada três sul-coreanos era analfabeto. Hoje, oito em cada dez chegam à universidade. Isso não foi feito dando ao aluno a oportunidade de avançar no ensino sem nem ao menos saber ler. Ao contrário, em oito horas de escola diariamente, o segredo está em fazer com que o aluno não passe um dia sem entender a lição.

Lá não houve uma "recomendação" para a não reprovação de alunos, mas uma lei que tornou o Ensino Básico prioridade. Os recursos foram concentrados nos primeiros oito anos de estudo, tornados obrigatórios e gratuitos, como são até hoje. Além disso, bons alunos têm bolsas de estudo e o governo incentiva pesquisas estratégicas. Disso saiu mais um resultado: a Coreia do Sul cresceu 9% ao ano por mais de três décadas.

Outra questão importante é o salário dos professores brasileiros. O piso nacional do magistério, em vigor desde 2008, paga por 40 horas semanais R$ 1.187,00. No caso do Rio Grande do Sul, onde o programa adotado é o de 20 horas, o piso é proporcional, de R$ 593,98. Apesar disso, o básico na categoria no Estado é de R$ 356,00. Lá na Coreia do Sul, um professor ganha o equivalente a R$ 10.500,00 mensais.

Em 2008, a Organização Internacional do Trabalho e a Unesco publicaram um ranking mundial de salários de professores em 38 países. O Brasil (média de R$ 11 mil por ano) aparecia no antepenúltimo lugar, perdendo apenas para Peru (média de R$ 9.500,00 por ano) e Indonésia (média de R$ 3.200,00 por ano). Nossos vizinhos Uruguai e Argentina pagavam uma média de R$ 20 mil por ano.

Neste ano, um estudo da PricewaterhouseCoopers mostrou que, em 2050, o Brasil será a quarta economia do mundo. A previsão é de que, ainda em 2011, o Brasil supere pela primeira vez a França e, em 2013, ultrapasse o Reino Unido, atingindo a sétima posição incentivada pelo mercado doméstico e pela exportação de recursos naturais. E onde fica a educação nisso? O Brasil tem avançado muito em diversos setores, mas deixar todo mundo passar e não assumir a responsabilidade por uma educação de melhor qualidade, com professores melhor remunerados... isso é o Brasil de hoje.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=55786 – sítio acessado em 28/02/2011 às 08:55h.
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sobre o aumento das tarifas dos transportes coletivos de Porto Alegre

“Ninguém gosta de aumento, mas todo mundo gosta de ônibus novos.” Esta frase foi proferida por Jaires da Silva Maciel, presidente do Comtu (Conselho Municipal de Transportes Urbanos) e veiculada no Jornal do Comércio, no dia 09/02/2011, no artigo intitulado “Tarifa de ônibus sobe 10,2% e fica acima da média da inflação”. Minha indignação perante mais esta imposição ao povo foi tamanha que somente agora, com mais calma, consigo ordenar as diversas questões que me afligiram. Enquanto se debatia ferozmente o reajuste do salário-minímo (que continua abaixo do mínimo necessário, ressalto), foi concedido um aumento de 10,2% na tarifa porto-alegrense de ônibus, 60% acima da inflação registrada no ano de 2010. E sua vigência foi imediata, ao contrário do paliativo oferecido para amenizar a contundência do aumento, de isentar a segunda passagem dos usuários do cartão TRI, desde que não exceda o prazo de meia hora entre uma e outra viagem, que vigorará a partir de 01/07/2011. O presidente Maciel, naquele mesmo artigo, atribuiu tal percentual ao incremento de 242 veículos novos na frota de coletivos. Muito bom. Só quero saber onde estão estes veículos novos, pois vi nenhum na linha que utilizo (Santo Agostinho). Assim como também quero saber como estão distribuídos os veículos climatizados, uma vez que nem de perto 40% desta linha que utilizo possui ar-condicionado (o percentual foi informado pelo presidente Maciel). A situação se agrava nos horários de pico, quando os passageiros são transportados como sardinhas, em uma superlotação desumana, e como sacos de batata, jogados que são de um lado para o outro dentro do veículo, sem conforto algum. Aproveito para ressaltar a péssima qualidade do serviço prestado pelos funcionários das empresas de transporte coletivo. Muitos motoristas (o adjetivo evita a generalização) aceleram e freiam exageradamente, desconsiderando que transportam pessoas, e não coisas. Fiscais que “tocam a boiada” para dentro do ônibus, como ouvi um dizer na parada, quando retornava da aula para casa. O foco do serviço já não mais é o consumidor, e sim rodar mais a roleta com menos carros à disposição.

Sempre defendi a utilização do transporte coletivo como opção ao trânsito caótico que se instala em Porto Alegre, mesmo ciente do quanto deixa a desejar. Inclusive desconsiderei até agora a hipótese de ter um automóvel particular. Mas, frente a mais esta demonstração de desrespeito ao contribuinte, começo a rever minha posição. Manifestos foram feitos contra esta imposição e deram com os burros n’água. Infelizmente. Assim como tenho consciência que este meu desabafo não terá maiores repercussões junto aos nossos “representantes” no poder. A situação fica mais periclitante ainda quando a instância que deveria considerar a opinião da população, ou seja, o Estado, não é mais garantia de apoio. Está na hora de começarmos de fato a mudar este quadro, seja através de manifestações concretas e contundentes, como as que presenciamos no mundo árabe, seja através da educação cidadã, para que entendamos que qualquer atividade que exerçamos, qualquer serviço ou bem que disponibilizemos, não são um fim em si mesmo. O fim está nas pessoas que compartilham o espaço diariamente.
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Revolução cultural no Brasil: um devaneio para Dilma

Paulo Costa Lima
De Salvador (BA)

A grande revolução brasileira: se tornar uma nação para todos os filhos. Esse ideal aparece ao longo dos séculos em situações diversas, conhece avanços e retrocessos, mas continua sendo um ideal. Concretizá-lo é o nosso destino.
Não poderia ser muito diferente com relação à cultura. Impossível pensar em grandes transformações sem uma noção ampliada do fenômeno, capaz de absorver conceitos e práticas que se espalham pelo nosso território, definindo-o.
Cultura como direito de todos os cidadãos. O papel das mídias nesse artesanato de democracia. As concessões e os conteúdos. A capacidade crítica. Os direitos autorais e coletivos. A memória. O diálogo com o mundo. As cadeias produtivas das artes...
Ora, tudo isso tem sido objeto de discussão e tem aparecido como propostas governamentais, projetos de lei, programas inovadores, deixando um saldo positivo de transformações sobre o qual deverá atuar a ministra Ana de Hollanda.
Há, todavia, uma fronteira indispensável que tem recebido muito menos atenção do que deveria. Um simples devaneio ilustra o caso: o que aconteceria com a vida cultural brasileira se de repente surgissem 220.000 corais mobilizando 6.600.000 vozes?
Parece coisa de doido? Nem tanto. Bastaria que cada escola brasileira criasse um coral em 2011. Villa-Lobos já sonhou com isso. Pois é, são 220.000 escolas envolvidas com formação básica e cerca de 60 milhões de estudantes ávidos por identidade e pertencimento.
Agora imagine o impacto cultural causado pela criação, em cada escola, de também um grupo de dança, outro de capoeira, um grupo de teatro, um clube de leituras, um festival de poesia e um clube de cinema... Nada do outro mundo, com incentivo e direcionalidade as comunidades escolares podem fazer isso.
Já pensou a qualidade que seria filtrada por essa pirâmide gigantesca de conhecimento? E o impacto dessas atividades sobre a formação de mercados, especialmente o nível de qualidade, a produção de conteúdos, as visões de mundo...
Acho que basta esse devaneio preliminar para mostrar que o caminho de uma verdadeira revolução cultural no Brasil passa necessariamente pela Escola... e que não é da ordem do impossível.
Agora, precisa entender a escola como uma grande sinapse entre a vida familiar e comunitária, o tesouro cultural da humanidade e os estímulos da mídia... Pensá-la como lugar de vivências e de experimentação cultural, sabendo que o projeto pedagógico não existe sem a consciência de sua dimensão cultural.
Há avaliações internacionais do nosso sistema educacional que criticam o capital cultural que mobiliza. Houve em nosso País, desde a ditadura, e há no mundo atual de forma generalizada, um definhamento da capacidade da escola de dialogar com o imaginário, e de mobilizar o sujeito desejante.
Como sabemos, quem vem pautando o imaginário da população é a novela das oito e congêneres. A revolução cultural necessária passa pela diversificação do controle da mídia e pela potencialização dessa rede de 220.000 pontos de cultura chamada Educação.
Há documentos norteadores importantes produzidos pelo próprio governo em torno da discussão sobre currículo e cultura - Cf. Moreira e Candau no portal do MEC. Mas o pensamento sobre multicuturalidade parece não atingir a etapa necessária do empoderamento do aluno como criador, a ênfase recai na fruição crítica.
Obviamente, essa ciranda de mobilização cultural das escolas não se restringe às artes. Trata-se da abertura para discutir o Brasil, discutir o mundo, falar de história, filosofia, internet, ancestralidades, direitos humanos... De forma proativa. Criando papéis e gozos.
Os anos vão passando e 'educação e cultura' não conseguem produzir resultados convincentes de integração e sinergia. Como estabelecer um diálogo estruturante entre essas duas esferas em todos os níveis - federal, estadual e municipal? Obviamente não existe. Na frieza dos organogramas não há estruturas de governo com a finalidade precípua de promover tal integração.
Trata-se, portanto, de algo que precisa ser firmado como prioridade de governo. Independente da boa vontade dos ministros envolvidos, que parece certa - já houve um movimento interessante nessa direção entre 2009 e 2010-, é preciso perceber o valor estratégico dessa questão, declarando-a prioridade nacional.
Educação como sistema imunológico da coletividade, sendo a Cultura a garantia de que há investimento sério na direção da formação de jovens cidadãos com capacidade crítica e criadora.
Fica o devaneio: que o futuro da sociedade brasileira seja discutido em milhões de pequenas rodas, e que os jovens redescubram a ousadia da cultura como estratégia cognitiva, especialmente no redesenho daquilo que chamamos currículo, digo, vida.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Caos criativo: modo de usar

Nizan Guanaes

Folhapress/Divulgação/JC

Bom dia, 2011. Entramos na década em pleno caos criativo. As mídias sociais evoluíram e agora são só mídia. Todos viramos mídia. Tudo virou mídia. E mídia é um meio condutor. De conteúdo humano. O que é fantástico.
O Facebook divulgou que publicou 750 milhões de fotos sobre o último Réveillon alimentado pelos seus mais de 500 milhões de usuários famintos conseguidos em menos de sete anos de funcionamento. Repito: 750 milhões de fotos que antes iam para uma caixa velha ou uma gaveta agora estão na nuvem para quem quiser olhar.
Como um economista, um político, um publicitário, um artista, um historiador ou uma empresa vai conseguir processar esse compêndio infinito da vida privada, no início do século 21, é um bom problema deles, mas quanta riqueza produzida e registrada.
Ninguém sabe ao certo o futuro do Facebook, mas mesmo assim ele já foi avaliado em US$ 50 bilhões pelo mercado neste início de década. Seu fundador, Mark Zuckerberg, 26, homem de 2010 da revista Time, bilionário mais jovem da história, iniciou um processo de capitalização com o Goldman Sachs tão inovador quanto seu negócio principal.
O Facebook é a cara do hoje. Seu segredo é o segredo da revolução em curso e que a publicidade conhece desde sempre: comunicação. Agora evoluída para conexão.
O Facebook é a cara do hoje porque é a nossa cara. Com suas conexões, permite-nos fazer algo de que sempre gostamos: mergulhar em vidas alheias. E algo que descobrimos adorar: expor as nossas vidas. Aliás, o grau de transparência de algumas pessoas na rede chega a constranger.
A tecnologia atual permite uma comunicação totalmente diferente de tudo o que conhecíamos. Sim, essa evolução é natural e sempre aconteceu. Mas com essa velocidade?
O diário britânico Financial Times, um guia atual para os perplexos, outro dia comparou a evolução da indústria gráfica com a evolução dos leitores eletrônicos. Foram décadas entre a publicação do primeiro livro e a publicação do primeiro índice alfabético de uma obra, uma utilidade fantástica.
Hoje, assim que Steve Jobs e sua equipe lançam uma nova maçã no mercado, milhares de empreendedores começam a criar e a lançar aplicativos para o novo gadget (sorry, mas alguém tem uma palavra melhor em português para gadget?).
Enquanto no século XV precisava-se de décadas para um pequeno salto na indústria gráfica, hoje as revoluções são por minuto. A velocidade está na alma do novo século, e precisamos nos adequar a ela. Capacetes são bem-vindos.
O Napster, site criado para baixar músicas livremente, destruiu de forma fulminante o modelo de negócios da indústria fonográfica global, que poucos anos antes comemorava recordes de vendas.
No processo, varreu do mapa gigantes varejistas como Tower Records e Virgin, templos de consumo cultural no final do século passado, hoje ruínas mesmo com o boom do consumo de produtos culturais via web.
As veneráveis livrarias seguem o mesmo caminho, sitiadas pelo e-livro e pelo e-comércio. Que chegaram para mais do que tudo facilitar e muito a vida dos amantes de livros, é oportuno exclamar diante do eterno choro dos pessimistas/saudosistas.
Isso serve para lembrar que o criativo é naturalmente destrutivo. A única forma de ter esse caos criativo como aliado é entrar no fluxo e inovar. A inovação é ao mesmo tempo mãe e filha da comunicação.
Como escrevi aqui no ano passado: se você pensa que sabe tudo, está obsoleto. Quem diz que sabe tudo sobre o seu próprio negócio está morto. É preciso inovar. Para fazer mais rápido, mais sustentável, mais barato, mais produtivo, melhor.
As ferramentas nunca foram tão propícias e acessíveis. A computação em nuvem oferece a pequenos empreendedores acesso a uma infraestrutura cibernética tão sofisticada quanto ela pode ser.
Aproveitem. Mergulhem. Publiquem. Alimentem. Processem. Lancem sementes. Colham respostas. Colham clientes. Colham amigos.
Empreender é um ato coletivo, e você nunca mais estará sozinho.

Publicitário e presidente do Grupo ABC

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=51653 – sítio acessado em 11/01/2011 às 09:13h.
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