quarta-feira, 16 de março de 2011

Educação e professores são a redenção nacional

Os professores sem curso superior no Brasil somam 636 mil nos ensinos infantil, fundamental e médio, ou 32% do total. Em 2007, eram 594 mil. Na questão do ensino temos uma alienação de afeto. Às vezes, temos empatia demais e sentimos dificuldade em tomar decisões difíceis quando precisamos. Há uma unanimidade em Porto Alegre, no Estado e no Brasil, a de que só mudaremos toda a sociedade, nos mais diversos aspectos, se tivermos uma educação qualificada. Para tanto, além dos recursos materiais, como escolas e instrumentos de estudos, bons professores. E mestres, além de qualificados, bem pagos. Isso ninguém discute mais. Frases repetidas à exaustão também fazem parte do cardápio intelectual quando se debate a situação do País, como aquela que diz que é melhor fazer uma escola porque, aí, se estará fechando um presídio. Até então, não exatamente fechando a conta, pois, então, países mais do que desenvolvidos não teriam criminosos nem presídios. E todos têm. É que vestir e formular dignamente um pensamento é mais difícil do que concebê-lo. A educação é a base de tudo. Mas a educação passa pela família. Nas escolas temos livros que quando mais os lemos mais os admiramos. É que são produções substanciais de profundo saber e experiência. Existem professores e educadores e comunicar é sempre um desafio.
Às vezes, os mestres e pais devem usar métodos diferentes para alcançar certos resultados, uma vez que a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade. A paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência. A serenidade que nunca acaba não é serenidade: é indiferença. Finalmente, a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.
Por isso não surpreende quando a Comissão de Educação da Câmara Municipal se preocupa com a falta de professores na rede municipal de ensino. Os brasileiros têm que parar e pensar também um pouco sobre a razão primeira para que tenhamos uma sociedade tão desigual, onde proliferam escroques nos mais diversos setores. Escandaliza e certamente explica, embora nada justifique, quando se sabe que provas para os mais disputados concursos públicos do Brasil são compradas por mais de R$ 160 mil. Isso é o valor de um apartamento ou casa em qualquer cidade do País. Então ficamos sabendo que alguns futuros delegados de polícia, juízes e outros postulantes foram aprovados porque sabiam, antecipadamente, as questões.
Quem compra uma prova de concurso público antes da sua realização é menos vigarista do que quem vende? Quem pede dinheiro, sendo adulto, em sinaleiras e, ganhando alguns trocados, corre para comprar uma pedra de crack merece sempre compaixão ou precisa de tratamento para que não seja o exemplo mais acabado de todos nós como sociedade? Porto Alegre merece ser tão suja, rabiscada, ter destruídos seus equipamentos urbanos da maneira que registramos diariamente? Problema do DMLU e da Smov? Ou, quem sabe, de quem suja, estraga, depreda e não se importa com o coletivo? Enfim, é triste a condição dos bem-intencionados e sábios entre os ignorantes, da mesma forma que os cidadãos probos entre os velhacos.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=57080 – sítio acessado em 16/03/2011 às 08:39h.
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