quinta-feira, 26 de março de 2009

Reflexões sobre o Desenvolvimento Sustentável

Desde os primeiros indícios desta crise econômica que assola o mercado mundial, venho acompanhando as notícias publicadas a respeito nos diversos meios de comunicação. De posse destas informações, articulei um raciocínio sobre o tema-título, embasado, também, nos conhecimentos adquiridos, até o momento, na Faculdade de História que curso. Por ser o meu argumento oriundo de considerações feitas sem o rigor de uma pesquisa científica, fiquei receoso em expô-lo. Até o momento.

Ao me deparar com o artigo que publico ao final das minhas considerações nesta postagem, vi semelhanças entre a minha opinião e a de cientistas de ofício, o que encorajou-me a compartilhá-la. Vamos a ela.

Como sabemos, o planeta Terra e todas as interações de vida existentes nele são regidos por um princípio elementar: equilíbrio.

Há muito tempo que os seres humanos já não vivem mais dentro desta regra, usufruindo dos bens naturais que o planeta oferece em condições que este não consegue suportar.

Pois bem, mesmo que aja um esforço de toda a humanidade para que este consumismo se torne sustentável, o máximo que poderemos fazer é retardar a exaustão dos recursos.

Toda a riqueza produzida pelo homem, todos os bens de primeira ou não necessidade que consumimos, tem origem nos recursos naturais do planeta em que vivemos. E a velocidade com que consumimos é superior à velocidade de reposição destes pela Terra. Não podemos esquecer que, mesmo nos apartando da natureza, ainda estamos sujeitos a ela. E nisto reside um ponto crucial que deveria permear os debates ambientalistas, econômicos, sociais e políticos.

Não acredito que seja possível colocar em prática o politicamente correto "desenvolvimento sustentável" que é pregado, pois ele pressupõe equilíbrio, algo que há muito não existe na relação exploratória do homem com a natureza. Teríamos que rever a nossa práxi econômica para torná-lo sustentável. E aqui volto ao início da minha explanação: este momento é ideal para este debate, mas dependerá da percepção que os verdadeiros timoneiros de nossas sociedades venham a ter das causas e consequências desta crise. Porém, isto não nos isenta de revermos as nossas práticas particulares de consumo.

É claro que o assunto não se esgota aqui, mas minha intenção ao publicar este texto é provocar a crítica sobre o assunto.

No link abaixo, o artigo encorajador.

Crise ambiental é social e política - http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoArea=32

Link's de vídeos interessantes:

O Desafio da Sustentabilidade - http://www.cpflcultura.com.br/video/desafio-da-sustentabilidade
Desenvolvimento Sustentável: uma utopia? - http://www.cpflcultura.com.br/video/desenvolvimento-sustentavel-utopia

quinta-feira, 19 de março de 2009

A herança de Darwin: tudo ainda é verdadeiro


Nobel de Medicina fala sobre a herança de Darwin

A herança de Darwin: Tudo ainda é verdadeiro

Em suas palestras em Porto Alegre, a bióloga alemã Christiane Nüsslein-Volhard vai justificar a atualidade de Darwin. Em entrevista ao jornal Zeit, ela falou sobre a influência do meio ambiente na evolução das espécies, sobre o índice de natalidade entre ricos e pobres, criticou os excessos da bioinformática e destacou a importância da dedicação da mulher à família para a sobrevivência da espécie humana.

A biologia é determinista?
Christiane - Ao nível dos genes, de fato é assim. Existem códigos, regras e processos estabelecidos, embora ainda não tenhamos entendido todos os mecanismos. Mas isso não significa que a genética seja determinista. Não significa que os nossos genes representem um destino que não possamos modificar. Sabemos da enorme influência que o meio ambiente exerce sobre os organismos, especialmente sobre os seres humanos. Os genes são mais fortes do que algumas pessoas queriam que fossem, mas a cultura exerce também uma influência importante e extraordinária sobre nós.

Essa discussão já dura décadas. Atualmente se fala de um percentual de 50% de influência da cultura e de 50% dos genes.
Christiane - Mas esse percentual também significa com frequência que não se pode dizer precisamente se uma propriedade é inata ou adquirida mediante a cultura. Quando fiz minha graduação, havia aqueles que afirmavam ser teoricamente possível fazer de qualquer pessoa um Mozart; para isso, bastava apenas a educação correta. Evidentemente que isso é uma grande insensatez, como hoje sabemos.

Existe uma evolução do comportamento?
Christiane - Evidentemente. Um exemplo: hoje se afirma levianamente que a divisão de papéis entre homens e mulheres poderia ser outra, sem problemas, se as mulheres também exercessem uma profissão. Se as mulheres tivessem feito isso nos primórdios da evolução humana, provavelmente a raça humana teria se extinguido. Na evolução do homem, aparentemente foram selecionadas características específicas, que exerceram um papel importante para a sobrevivência. Se os pais não tivessem se ocupado de seus filhos, estes teriam tido chances menores de sobrevivência. Foi assim que se desenvolveu o cuidado dos pais.

Para escrever seu livro sobre a origem das espécies, Darwin viajou durante cinco anos. E ele focava com precisão. Desde então, a Biologia se transformou. Tornou-se analítica. Disseca, observa no microscópio, decompõe a vida em moléculas.
Christiane - Está se tornando cada vez menor o número de pessoas que observam com precisão. Espero que não estejam em extinção. Bioinformática e biologia computadorizada assumem cada vez mais espaço. E certos informáticos da Biologia pensam que podem calcular tudo - e não conseguem distinguir um gato de um cão. Muitos biólogos modernos acreditam muito nos dados do DNA e ainda vão querer provar que homens e mulheres são idênticos, porque o DNA é praticamente igual.

Os apontamentos de Darwin são, hoje, apenas documentos que pertencem ao passado?
Christiane - Seguramente não. Estou convencida de que, se Darwin não tivesse anotado o que observou na natureza, teríamos perdido definitivamente importantes informações. Hoje em dia ninguém conseguiria escrever tais coisas. Essa riqueza de observações! Ele deve ter olhado, escutado e cheirado durante todo o tempo - com olhos, ouvidos e nariz muito atentos.

As ideias de Darwin foram instrumentalizadas ideologicamente. A sua expressão "survival of the fittest" (sobrevivência do mais adaptado) foi traduzida como sobrevivência do mais forte, a sua luta pela sobrevivência foi utilizada ideologicamente como base de ideologias raciais.
Christiane - Ele mesmo não viu isso com prazer. Mas encontramos a expressão "struggle for existence" na obra dele. E evidentemente também há essa luta e seleção. E naturalmente os mais bem adaptados têm mais descendentes. Recentemente fui perguntada sobre o que teria sobrado das ideias de Darwin, como se não tivesse restado nada. Mas tudo ainda é verdadeiro!

Por que o mau uso que se fez de suas ideias ainda continua surtindo efeito até hoje?
Christiane - Porque a maioria das pessoas não conhece mais a natureza, não reflete mais sobre a natureza, apenas sobre o ser humano. E aí surgem os típicos mal-entendidos. Muitos afirmam, admirados, que "são os pobres que têm muitos filhos" e que, se Darwin tivesse razão, os ricos deveriam ter mais filhos. Mas essas pessoas não se dão conta de que esse índice baixo de natalidade entre os ricos é um fenômeno cultural relativamente recente. Nas culturas humanas mais antigas, isso foi com certeza diferente.

Nos Estados Unidos, num passado recente, fortaleceu-se a luta dos criacionistas contra a teoria da evolução. A senhora percebe essa tendência na Alemanha?
Christiane - Não. Eu vejo apenas que muitas pessoas não entenderam corretamente o que a evolução propriamente é, como ela funciona. A crítica a Darwin alimenta-se, sobretudo, dos equívocos do darwinismo social. Talvez devamos novamente chamar a atenção para o fato de que Darwin não fez afirmações sobre a cultura humana. Karl Marx foi, a propósito, um grande admirador de Darwin. Marx enviou a segunda edição de O Capital para Darwin, com uma dedicatória. Mas Darwin não a leu. Podemos afirmar que a natureza funciona de certa maneira de forma capitalista. Mas a natureza de Darwin é, antes de mais nada, cega. Permite que aqueles que conseguirem sobrevivam. Ele mesmo apontou explicitamente para o fato de que a natureza é impiedosa. Ninguém vai cuidar para que a lagarta da borboleta não seja devorada por passarinhos.

Mas sociedades humanas podem superar esse darwinismo impiedoso.
Christiane - Nossa cultura é capaz disso, mas somente em determinados contextos e com base em um autêntico esforço civilizatório. Em situações extremas como, por exemplo, guerras, a natureza aflora novamente sob forma de brutalidade na luta pela própria sobrevivência e de seus descendentes. Isso nasce conosco. Por outro lado, nossa evolução também elevou a nossa capacidade cultural. E, com isso, também se originaram as religiões, que reprimem certas maldades de nossa natureza e objetivam possibilitar a sobrevivência de grupos maiores.

Apesar disso, as visões da criação de seres humanos, de clones, da otimização genética do ser humano voltam sempre à tona.
Christiane - Mas penso que elas não se deixarão viabilizar. Mesmo que se trate de objetivos grandiosos como o bem-estar da humanidade: nenhum cientista iria vivenciar os resultados de suas experiências de criação de seres humanos. Isso leva muito tempo. Não é por nada que o tempo das gerações de nossos animais domésticos seja um terço do tempo da geração de um ser humano. Ninguém ainda criou um elefante. Se alguém fosse querer criar soldados de Saddam Hussein, ele mesmo não iria mais vivenciá-los.


http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoNoticia=12146&pCodigoArea=41 - sítio acessado em 19/03/2009 às 11:34h

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Igreja e o chimpanzé


A Igreja e o chimpanzé

Jovem. Avança pelo corredor estreito e deserto. Para diante da porta fechada e bate. Quem o atende tem cara de Sigmund Freud e também o discurso dele: "A culpa é a mãe", diz ao paciente, que nem convida a entrar no consultório. Duvido que o autor dessa propaganda para o banco anunciante tenha se dado conta da brincadeira leviana e perigosa que faz com o estigma que a mulher leva na testa desde o Velho Testamento, em que a perda do paraíso é relatada como decorrência do mau comportamento de Eva, o que se alojou no inconsciente da humanidade e, obviamente, também no de Freud. Qualquer um que tenha lido sobre ele mais do que uma orelha de livro sabe que bebeu da fonte bíblica, reafirmando-a em suas teorias.

Uma delas é exatamente a que se refere à mulher, abrindo um caminho também na literatura psicanalítica - a face supostamente científica das religiões monoteístas, embora a maioria de seus seguidores tente distanciar-se delas - para a história que alguém criou, garantindo a existência de um deus e se inventando como porta-voz das determinações que lhe atribui. Contraditória, a Igreja Católica diz que veio em socorro da mulher, instituindo a devoção a uma virgem, o que transforma as demais, aquelas que reproduzem através do contato sexual com humanos, em filhas de Lilith e, portanto, indignas de oficiarem uma missa. Contraditório, o islamismo afirma que a mulher menstruada é alguém em estado de impureza, o que o judaísmo - tronco das duas - também prega. Mas não é esse sangramento que a mulher suporta estoicamente, todos os meses, expressão da vontade divina? E não resulta também dessa vontade o apelo sexual, decorrente da testosterona e, por isso, muito mais forte no homem do que na mulher?

Sim e não. Depende da circunstância e de quem faz o discurso, numa variação que promove reações de absoluta e total incoerência. E crueldade. Como a do arcebispo pernambucano Sobrinho, que excomungou os médicos e a mãe da menina que estava grávida por obra do padrasto estuprador. Como entender a manifestação desse representante do Vaticano? Se aceito que nada acontece sem a permissão divina, aceito que o estuprador também contou com ela. E se aceito que nada acontece sem a permissão divina, aceito que a mãe da menina e os médicos que fizeram o aborto também contaram com ela. Portanto, estamos quites. A Igreja é seu próprio antídoto.

Não é possível tê-la como diretriz, nem mesmo agora, quando o Vaticano se penitencia reconhecendo validade nas teorias sobre a evolução das espécies de Darwin. Corre-se um risco de vê-la mais próxima da (in)justiça que consegue livrar a cara dos infratores, defendendo-os como reféns da própria testosterona. Se é assim, porque matá-los não é permitido, deveriam ser submetidos à castração química, o que evitaria a repetição do crime. Em que medida se faz isso no Brasil? Não se tem informações sobre essa providência, que se presta facilmente ao discurso de quem, defendendo direitos humanos em busca de visibilidade, interpreta-a como interferência na liberdade de ir e vir. Essa gente esquece que, quando o estuprador impõe sua sexualidade a outro ser humano, criança ou adulta, também está roubando a liberdade dele. Além disso, é mais fácil perdoar o criminoso, porque "a culpa é da mãe" dele, segundo Freud.

Num único hospital paulista, as crianças são 43% dos atendimentos de vítimas sexualmente abusadas. E, mesmo louvando a presente humildade da Santa Sé, não acredito que Darwin, se estivesse vivo, colocaria o homem que regride ao estado instintivo de um chimpanzé na mesma balança em que ela coloca as vítimas dele. Agora, o que mais me espanta não é a incoerência bíblica da caminhada humana. Até entendo que há nela boas intenções guardadas em metáforas. O que me deixa atônita é a inércia dos crentes diante dela, porque simplesmente abdicam do direito de questionar e se posicionam na manada. Como ponto de partida, por que não pensam sobre a ordem divina "crescei e multiplicai-vos"? Se o Vaticano realmente acredita nisso, o celibato dos padres é um pecado. E mais uma contradição.

Maria Wagner é Editora de Cultura do JC

http://jcrs.uol.com.br/colunistas.aspx?pCodigoColunista=227 - sítio acessado em 13/03/2009 às 11:13h.

terça-feira, 3 de março de 2009

O tamanho da dominação estrangeira na Amazônia


O tamanho da dominação estrangeira na Amazônia

2/3/2009

De quem é a Amazônia? Nas escolas, os professores ensinam que é dos brasileiros. Al Gore, que já foi vice-presidente dos EUA, discorda. Em Londres, o pedido escrito no guardanapo de um restaurante declara guerra: "Lute pela Amazônia. Torre um brasileiro".
Há um fato. A Amazônia é imensa. Tem o tamanho de 17 países europeus juntos. E outro fato. A região é riquíssima em recursos. Por isso, dá para entender o interesse estrangeiro nela. Ao longo da história, essa cobiça foi escondida atrás de máscaras como a que Abraham Lincoln usou quando propôs ao então governo brasileiro que doasse lotes de terra na Amazônia aos negros que ele havia libertado, mas dos quais desejava livrar a sua administração.
Em 1983, Margareth Tatcher declarou que "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas, que vendam suas riquezas, suas fábricas e seus territórios". Se levarmos em conta - ela certamente fez isso - o ouro que o Brasil desembolsou para pagar a dívida de Portugal com a Inglaterra quando comprou sua independência, a indigesta sugestão faz sentido. Em 1989, foi a vez de o francês Jacques Mitterrand se manifestar. "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia". Em seguida, o russo Gorbachev afirmou que "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia a organismos internacionais."

Devemos temer uma guerra pela Amazônia? Nos anos 1990, Geraldo Cavagnari Filho, pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, listou motivos. Segundo ele, entre os argumentos que a Secretaria do Conselho de Segurança Nacional apresentou para justificar a criação do Projeto Calha Norte, em 1985, estavam: a cobiça internacional dos recursos minerais da região e o crescente trânsito ilegal de estrangeiros. Esses argumentos foram repetidos na implementação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Em 2004, o general-de-brigada Marco Aurélio Costa Vieira disse ao jornalista Javier Godinho que um levantamento do Exército havia constatado "o risco de o Brasil perder 56% do seu território", justamente o mais rico em minerais, petróleo, fauna, flora e água potável. Vieira acrescentou que não acredita em movimentos organizados, mas apontou a existência de 20 bases militares dos EUA cercando a região, para controlar o narcotráfico e a guerrilha, além de mais de 600 ONGs, instituições religiosas, científicas e culturais. No dia 5 de março de 2008, Rolf Hackbart (Incra) relatou que "3,1 milhões de hectares da Amazônia Legal estão nas mãos de estrangeiros". Ele previu um agravamento da situação, porque, para comprar um imóvel "basta ser residente no País e apresentar uma carteira de identidade" e "para ter uma empresa basta ter autorização de funcionamento". No início de 2009, Mara Silvia Alexandre Costa, funcionária pública federal, levou um choque em Manaus quando soube que em Roraima, onde apenas uma em cada dez pessoas é roraimense e pouco mais de 70% do território são demarcados como reserva indígena. E atenção: "Na única rodovia em direção ao Brasil que liga Boa Vista a Manaus, (800 km) existe um trecho de aproximadamente 200 km da reserva Waimiri Atroari fechada pelos índios entre 18h e 6h. Brasileiro não passa, mas o acesso é livre aos europeus e japoneses. Os americanos entram quando querem. Detalhe: se a pessoa não tem a autorização da Funai, mas tem a dos americanos, tudo bem. Para completar, a "maioria dos índios fala inglês ou francês, mas não fala português". Vamos perder a Amazônia beijando a mão do bandido se o Brasil não acordar.

http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoNoticia=11944&pCodigoArea=32 - site acessado em 03/03/2009 às 16:36h.