sexta-feira, 29 de abril de 2011

Matriz energética com envolvimento de todos

As diversas formas de impacto provocado pelo represamento extenso em bacias hidrográficas no Brasil, já mostraram não ser recomendável repetir cegamente a receita das grandes barragens. Já tivemos exemplos infelizes com as usinas hidrelétricas de Balbina e Tucuruí, construídas na Amazônia nas décadas de 1970 e 1980, que provam que este modelo é insustentável. Balbina significou a inundação de vasta extensão de terras indígenas, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. Na época o próprio governo reconheceu que havia cometido um erro, pois aenergia produzida foi insuficiente e a contrapartida de abastecimento local não foi cumprida. Em Tucuruí, não foi muito diferente. É preciso aprender com esses erros. Lendo o editorial do Jornal do Comércio de 25/05, sobre a construção de Belo Monte, me lembrei do geógrafo Porto-Gonçalves. O autor trata o termo desenvolvimento como “des-envolvimento”, isto é, sem envolvimento, significa uma estratégia que não leva em conta o modo como cada povo mantém suas relações entre si e com a natureza, da qual são parte integrante. Assim, pensar ações para o bem viver em determinada comunidade sem o envolvimento desta é engodo. É usar o discurso de atendimento às necessidades de uns para encher o bolso de outros. O Brasil éreconhecido pelo potencial hídrico, sim, mas também pelo potencial eólico e solar. E se convertêssemos cada residência em uma pequena central energética usando sol, vento, rejeitos e outras fontes? Teríamos um modelo de energia difusa, no qual a energia não consumida seria repartida na lógica da cooperação. Por que o Estado, ao invés de subsidiar a compra de automóveis a serem utilizados por uma única pessoa, aumentando a emissão de gases de efeito estufa, não estimula a aquisição de aparatos domésticos de geração de energia como placas coletoras solares e/ou aerogeradores? Trata-se de um sonho? Penso que não. Urge fomentar uma consciência crítica e cobrar seriedade frente às questões socioambientais, construindo uma cultura de sustentabilidade planetária para além dos discursos.

Rosa Maris Rosado
Educadora ambiental

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=60610# - sítio acessado em 27/04/2011 às 10:06h.
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