segunda-feira, 18 de maio de 2009

"Estou me lixando para a opinião pública"

A frase pronunciada pelo deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS) exemplifica o descaso que nossos pretensos representantes têm para conosco, o desvirtuamento da democracia representativa. É a confissão de culpa.

E a culpa é nossa também, por evitarmos a prática política, ao considerá-la algo chato e que deve ser feita apenas pelos políticos de carreira. O conceito de política "profissionalizada" - entenda-se profissionalizada a atividade que só pode ser exercida por pessoal especializado - nos foi vendido justamente com o intuito de nos afastar da esfera decisória social, delegando aos políticos "profissionais" esta responsabilidade, abrindo o espaço para que estes ajam em prol particular, e não dos interesses daqueles que os elegeram. Olhemos o que diz o dicionário sobre o verbete política:

8. habilidade no trato das relações humanas, com vista na obtenção dos resultados desejados;
9. civilidade, cortesia.

Se política são as relações humanas civilizadas, então praticamos a política a todo o instante, seja no trabalho, na escola, em casa, na rua, seja em qualquer momento e local. Vivemos em sociedade, querendo ou não, e a prática política é inerente ao convívio social. Portanto, se faz necessário que nos atentemos às questões que se colocam neste espaço, que nos posicionemos perante elas e ajamos sempre que pudermos. Ao reconceituarmos e interiorizarmos a política, quebraremos com o status quo de "profissionalização" desta. Esta "profissionalização" nada mais é que o conhecimento específico burocrático, questão que não abordarei aqui. Ao não nos interarmos da política formal, institucionalizada, estamos delegando, realmente, o nosso destino social a terceiros.

A quem recorrer quando nos sentimos lesados por atitudes ilícitas realizadas pelos nossos representantes, e como evitar que isso ocorra? Uma questão que sempre me coloco. A instituição máxima ideal, para tanto, é o Estado. Mas este está corrompido justamente pelos "profissionais políticos", e a sua instância já não é mais garantia de imparcialidade e de defesa dos nossos interesses. Desacredito, também, das manifestações populares e públicas. Não das suas intenções, mas por estas não terem eco nos ouvidos dos nossos representantes, como bem ilustra a frase-título.

Recorro a uma velha e batida solução: o voto. Mas não por ser ele um direito nosso. Ele não o é. Em um país onde se é obrigado a votar, de direito o voto passa a ser coação. Descartando o apelo propagandístico do voto, reconheço nele um instrumento capaz de melhorar este quadro imoral e antiético pintado pelos nossos representantes. Utilizemos a coação do voto a nosso favor.

Mas um instrumento por si só não age, depende de alguém que o manuseie, e bem. Só poderemos manusear o voto com precisão cirúrgica quando reconhecermos a sua importância e real significado. Para isso, é necessário discernimento e conhecimento, instrução, informação, discussão, em suma, educação. Quanto mais esclarecidos formos, mais habilmente utilizaremos o voto. Qualquer ação que vise a promoção da educação, do conhecimento, do esclarecimento, terá meu apoio irrestrito. E não esperemos pela iniciativa de terceiros: promovamos ações individuais neste sentido. Podemos, ainda, fiscalizar as atividades exercidas por aqueles que elegemos. A internet é uma ferramenta que nos possibilita exercer esta fiscalização de maneira prática. Se cada um de nós escolher um representante para fiscalizar, faltarão políticos para tantos fiscais e este trabalho não será tão árduo. E, ao nos depararmos com alguma situação inusitada, não nos esquivemos em pedir esclarecimentos e mesmo em expor publicamente estas situações.

Precisamos reconhecer em frases como a do título a falta de respeito para conosco. Dar vazão a nossa indignação. Participar efetivamente da cena política é de máxima importância para corrigirmos esta desconsideração. Este texto é, na verdade, uma auto-conscientização da relevância desta tarefa.

Recomendo a leitura dos aqrquivos abaixo:





Um comentário:

  1. E uma merda isso. a gente se contenta com o fato de que "nosso voto não vai fazer tanta diferença" e deixa que façam merda em nosso nome.

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